RF Recomenda: Advogados – como aprendemos, como sofremos, como vivemos

Por Antonio Ruiz Filho

Antônio Manuel de Carvalho Neto (1889/1954) nasceu em Anápolis, atual Simão Dias (SE).

Carvalho Neto foi presidente da seção sergipana da Ordem dos Advogados do Brasil e do Conselho Penitenciário de Sergipe, professor de direito constitucional, administrativo e civil, e diretor da Faculdade de Direito do mesmo Estado. Também foi político (chegando a deputado federal), educador e atuou no jornalismo como diretor do jornal de Sergipe, Revista Jurídica, Revista da Academia Sergipana de Letras, entre outros órgãos de imprensa.

Sua obra de 1943, “Advogados – como aprendemos, como sofremos, como vivemos”, tornou-se um clássico da literatura sobre a profissão – não pode faltar nas bibliotecas mais bem abastecidas. Sou possuidor da 2ª edição, de 1952, com capa dura, uma relíquia.

O livro aborda questões variadas de interesse para os que militam na área jurídica, e mais especialmente, como o título anuncia, aos que escolheram a advocacia como sua “profissão de fé”.

Percorre as inúmeras facetas da profissão, seus percalços, qualidades e virtudes, os desassossegos, suas crises, ainda apresentando exemplos e aconselhamentos, enfim, uma infinidade de considerações que são capazes de inebriar o leitor, fazendo o seu imaginário percorrer todos os quadrantes da atuação profissional. Creio que o volume é mesmo uma preciosidade, principalmente para os amantes da advocacia e até para quem queira apenas compreendê-la melhor.

Colhe-se de suas vibrantes 540 páginas, saborosas lições de que são breves exemplos:

“Estagnar é morrer. Movimentar é viver. E vive-se pela paz, lutando-se pelo Direito. Quem renuncia ao seu direito, receoso de lutar, pratica o suicídio. (...) O advogado é a alma dessa luta (...)”

“Advogado, se de verdade o for, não tem outro terreno onde lavrar, outra fonte onde beber, outra sombra onde repousar, senão os livros, sempre os livros.”

“‘Para o advogado a vida profissional resume-se numa só expressão: ser honrado. Pode-se viver sem talento, mas não se vive sem honra’”.

“‘Se o amor da riqueza é, no advogado, maior que o amor da honra, troque de profissão. Procure outra, em que, para chegar à riqueza, não seja estranhável que se abandone a honra’.”

“Como para os médicos os hospitais, onde curam de moléstias e enfermos, para restabelecimento da saúde; para os advogados o for, onde tratam de crimes e criminosos, para restauração do direito e equilíbrio da ordem social. É aí que têm a sua mesa de operações, praticam a sua cirurgia, aplicam a sua terapêutica. Têm as leis por ferramentas, o direito como remédio, a justiça pela cura.”

“‘Fé na grandeza de nossa missão. Não creio em muitas coisas. Mas entre as poucas que creio, está a força do direito’.”

Trata-se, sobretudo, de um amplo repositório de citações entre as mais belas sobre direito, advocacia, justiça e muito mais, reveladoras da alma humana que percorre todos os dias os corredores dos palácios forenses, aliadas às profundas reflexões do autor, auridas da sua experiência e arguta observação sobre a profissão e tudo que circunda o mundo jurídico.

Entre outros trabalhos, Carvalho Neto também publicou: A defesa do crime; Casos criminais; Onde está a honra; Pelo foro; vale conferir.

É minha convicção que a leitura desse tipo de obra seja essencial para abastecer advogados e advogadas com repertório sobre o exercício do seu mister, de maneira que toda história que envolve a advocacia ao redor do mundo desde priscas eras possa servir de combustível para o sempre árduo exercício da assim reconhecida nobre profissão.